“Não me sinto bem no meu corpo”: o que é disforia de género e como a psicologia pode ajudar?

Se dás por ti a pensar “não me sinto bem no meu corpo” ou a sentir que o teu género não corresponde ao que te foi atribuído à nascença, é importante saberes que não estás sozinho(a). Muitas pessoas, especialmente jovens trans ou em questionamento, vivem esta experiência — e ela tem nome: disforia de género.

O que é a disforia de género?

Disforia de género é o termo utilizado para descrever o sofrimento emocional ou desconforto intenso que surge quando existe uma diferença entre o género sentido internamente e o género atribuído à nascença. Este mal-estar pode manifestar-se de várias formas: insatisfação com o corpo, ansiedade ao olhar ao espelho, tristeza perante mudanças físicas indesejadas ou até mesmo dificuldade em se reconhecer nas próprias fotografias. Segundo a American Psychiatric Association, este sofrimento é real e válido.

A World Professional Association for Transgender Health (WPATH) destaca que a disforia de género pode afetar profundamente a saúde mental, levando a ansiedade, depressão, isolamento social e, em casos mais graves, pensamentos autolesivos. É por isso que é tão importante procurar compreensão e apoio.

Porque é que dói tanto?

Sentir que o teu corpo não reflete quem és pode ser profundamente doloroso. Podes sentir vergonha, medo de rejeição, autojulgamento ou até culpa por não corresponderes às expectativas dos outros. Estes sentimentos são legítimos e compreendidos por especialistas internacionais em saúde mental (Mayo Clinic). O estigma social e a falta de aceitação agravam ainda mais o sofrimento, tornando o dia a dia um verdadeiro desafio.

A boa notícia é que não tens de passar por isto sozinho(a). O apoio psicológico especializado — especialmente uma abordagem afirmativa da identidade de género — pode ser transformador. Psicólogos com experiência em diversidade de género oferecem-te um espaço seguro, sem julgamentos, onde podes explorar quem és, partilhar dúvidas e aprender a lidar com o autojulgamento e a dor emocional.

A American Psychological Association recomenda a terapia afirmativa, que valida a tua identidade e te ajuda a desenvolver estratégias para enfrentar o stress, a ansiedade e o medo do preconceito. Este acompanhamento pode ser fundamental para fortalecer a autoestima, promover o autocuidado e apoiar o processo de afirmação de género — seja ele social, médico ou apenas interno.

Além disso, o psicólogo pode ajudar-te a comunicar com a família, lidar com situações de discriminação e preparar-te para os desafios do dia a dia. Estudos mostram que jovens trans que recebem apoio psicológico e social têm níveis significativamente mais elevados de bem-estar e saúde mental (Olson et al., Pediatrics).

Como a psicologia pode ajudar?

Não tens que passar por isto sozinho(a)

Pedir apoio não é sinal de fraqueza — é um ato de coragem e autocuidado. Se sentes que o teu corpo não corresponde à tua identidade, ou se vives com dor, vergonha ou confusão, a psicologia pode ser uma aliada poderosa no teu caminho para a autenticidade e para o bem-estar.

Se te identificas com estas palavras e procuras um espaço seguro para falares sobre a tua experiência, marca uma sessão. O primeiro passo pode ser difícil, mas pode mudar a forma como te vês e como vives. Mereces sentir-te bem no teu corpo e na tua identidade.

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