
Psicologia e transição de género: apoio e desafios
Descobre o papel da psicologia na transição de género: apoio afirmativo, desafios emocionais e boas práticas segundo diretrizes internacionais.
PSICOLOGIA LGBTQIA+
André Nogueira
5/21/20253 min read
A transição de género é um processo profundamente individual, marcado por desafios psicológicos, sociais e emocionais. O papel da psicologia é central para garantir que cada pessoa trans possa explorar e afirmar a sua identidade de género de forma segura, informada e com apoio especializado.
Apoio psicológico: muito além do diagnóstico


O acompanhamento psicológico de pessoas em transição de género não tem como objetivo “corrigir” ou “diagnosticar” uma condição, mas sim apoiar a construção da identidade, promover a autonomia e fornecer informação clara sobre as possibilidades de afirmação de género, sejam elas sociais, hormonais ou cirúrgicas.
A literatura internacional, como as diretrizes da American Psychological Association (2015), sublinha que a transexualidade não é uma condição psicopatológica, e que o psicólogo deve atuar como facilitador do autoconhecimento e do bem-estar, respeitando a singularidade de cada percurso e contexto social.
Segundo a World Professional Association for Transgender Health (WPATH, 2022), a assistência psicológica deve promover a autonomia da pessoa, fornecendo informações sobre a diversidade de género e esclarecendo os benefícios e riscos dos procedimentos de afirmação de género.
Desafios psicológicos e fatores de risco
Pessoas trans enfrentam taxas elevadas de sofrimento psicológico, incluindo sintomas de ansiedade, depressão, baixa autoestima, ideação suicida e comportamentos autolesivos. Estes problemas de saúde mental estão fortemente associados ao estigma social, discriminação, falta de apoio familiar e exclusão social, conforme demonstrado numa revisão da European Psychiatric Association (2016).
A disforia de género, ou seja, o desconforto intenso com o corpo e o género atribuído à nascença, é comum e pode ser agravada por experiências de preconceito e rejeição (Bauer et al., 2015).
No entanto, fatores de proteção como o suporte social, relações familiares funcionais e a possibilidade de afirmação de género contribuem de forma significativa para o bem-estar e saúde mental de pessoas trans (Turban et al., 2020).


A abordagem mais recomendada internacionalmente é a terapia afirmativa, que reconhece e valida a identidade de género da pessoa, promovendo um espaço seguro para a autoexploração, autoaceitação e enfrentamento do estigma. De acordo com as orientações da American Psychological Association (2015) e da WPATH (2022), o psicólogo deve adotar uma postura inclusiva, utilizar linguagem respeitosa e trabalhar em articulação com outros profissionais de saúde, garantindo um acompanhamento interdisciplinar durante todo o processo de transição.
A transição de género pode incluir mudanças sociais (nome, pronome, expressão de género), intervenções médicas (hormonoterapia, cirurgias) ou ambas, sempre de acordo com o desejo e necessidades da pessoa.
O acompanhamento psicológico é fundamental tanto no pré como no pós-transição, ajudando a gerir expectativas, lidar com possíveis arrependimentos e fortalecer a resiliência face aos desafios sociais e emocionais (Dhejne et al., 2011).
Terapia afirmativa e abordagem multidisciplinar
O papel do psicólogo na adolescência
A adolescência é uma fase particularmente sensível para a construção da identidade de género. O psicólogo pode ajudar jovens trans a compreenderem-se, a lidar com a disforia de género, a enfrentar a discriminação e a promover a autoestima e autoaceitação.
Estudos como o de Olson et al. (2016) mostram que o apoio psicológico e familiar é essencial para que adolescentes trans desenvolvam uma identidade saudável e positiva, mesmo perante contextos adversos.
O acompanhamento psicológico na transição de género deve ser ético, afirmativo, individualizado e centrado na promoção do bem-estar e da autonomia. O psicólogo é um aliado fundamental na luta contra o estigma e na construção de vidas mais autênticas e realizadas para pessoas trans, como defendem as principais associações internacionais de saúde mental e género.
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